quinta-feira, 1 de maio de 2014

FALAR COM O SILÊNCIO


                                                                           
Ah! És tu o silêncio...
Entra, podes entrar;
Aqui não se cobra nada:
Não faço perguntas; 
Nem quero amigos, apenas por crer?
Se quiseres relaxar, sonhar, 
Viver em sossego e paz!
Podes entrar no meu refúgio;
E desfrutar do meu silêncio.
Se tiveres vontade de gritar...silencie!
Se tiveres vontade de estar em silêncio...
Escuta os sons que dele derivam!
Ah! Deixo que o silêncio me fale...
Que ele prenuncie as suas palavras,
Talvez abstractas, ou disformes;
Inclementes e insensatas...
Mas, eu permito que ele me fale;
Não o faço calar agora...
Não neste momento que me Inquieta:
A minha sensibilidade se aflora?
Deixo que ele me diga tudo.
O que em meu peito reside contudo...
Deixo que ele me fale consciente;
Tudo que há em mim presente.
Silêncio? Mergulho em ti mesmo;
Há em mim um nada e um pouco de tudo...
Mas é, tudo o que acreditei ser:
Silêncio. Que faz de mim, 
É o espelhar do meu ser!
Se nada me diz, ou pouco me importo...
Então a ele não abro as minhas portas;
Tenho a sensação exacta de o posso vencer?
Silêncios... Cheios de ecos e de questões...
No presente ele insiste, para que eu o escute;
Ouço o que ele me diz e, se quero ser feliz:
Então nele me recolho e penso.
Silêncio! Silêncio dos meus sonhos;
Silêncio dos meus Amores...
Silêncio! E mais Silêncio:
São os silêncios das minhas dores.

Autor: Santa Cruz (Diácono Manuel Gomes)

@reservado o direito do Autor.